segunda-feira, 9 de janeiro de 2012


quando a inocência se foi com o vento...

éramos todos devotos dos sinos da paróquia, donos das linhas de trem, amigos do motoristas e devedores de promessas doces.
éramos vinhos marrentos, porém claros.
éramos imagens da lua e cores do sol.
saia de nossos poros suor com sabor de mar e vivíamos a imaginar: se eu tivesse nascido um peixe?
chorar por falta de amor era tolice, o bom era sorrir para os palhaços. nunca tivemos tantos motivos para nos machucar nem deixamos obscuro nossas lamentações pela falta que nos fazia um mísero campo pra correr.
nada era vergonhoso, muito menos os velhos e suas histórias.
éramos reis dos fracos, senhores da fragilidade, orgulho dos prantos e escravos da singeleza.
o vento nunca havia passado por nós.
quando o vento soprou piscamos os olhos, pois a poeira irritou nossa retina. não vimos que a página da vida virou-se com um golpe, e então percebemos que éramos velhos contando nossas histórias.



[felipepauluk]





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